O gênero Enterococcus é composto de cerca de 50 espécies associadas a uma variedade de ambientes e hospedeiros. Em humanos Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium são muito observados, colonizando diversos sítios e provocando diferentes quadros infecciosos. Outras espécies do gênero podem estar associadas à mais infecções e ocasionalmente estarem envolvidas em surtos.
Quais as infecção provocadas por Enterococcus ?
Os Enterococcus causam uma variedade de infecções monomicrobianas e polimicrobianas principalmente em pacientes em estado clínico grave. Esses quadros podem ser:
- Infecções do trato urinário
- bacteremia
- Endocardites
- Infecções intra-abdominais
- Infecção do trato biliar
- Infecções de feridas de decúbito e do pé diabético
As infecções do trato urinário tem origem enterofecal, podendo ser sintomático ou não. Geralmente o trato urinário é a porta de entrada para bacteremias e até mesmo endocardites. Considera-se outro sítio de infecção importância clínica o trato hepatobiliar. Infecções das meninges são mais raras de ocorrer por infestação de Enterococcus.
Como acontece o diagnóstico da infecção por Enterococcus ?
O diagnóstico e identificação de Enterococcus acontece através da coleta de fluidos biológicos, podendo ser análisado por:
- Identificação bioquímica laboratorial através de cultivo
- Gelatinase (matriz metaloproteinase que degrada matriz extracelular)
- Substância agregativa (troca de plasmídio entre cepas e molécula de adesão ao hospedeiro)
- Proteínas Esp (proteína de superfície de ligação ao hospedeiro)
- Proteínas que ligam ao colágeno (molécula de adesão ao hospedeiro)
Quais são os fatores de virulência dos Enterococcus ?
Além das vantagens seletivas que Enterococcus se aproveitam no meio ambiente, há os seguintes fatores:
- Citolisinas (toxina hemolítica)
- Testes sorológicos (western blot, ELISA, etc.)
- Reação em cadeia da polimerase (PCR)
Quais são os mecanismos de resistência dos Enterococcus à terapêutica?
Algumas das cepas de Enterococcus apresentam resistência intrínseca à terapêutica microbiana, somado a isso, o uso indiscriminado dos antimicrobianos força uma pressão seletiva selecionando cepas bacterianas resistentes. Outro fator que também influencia na resistência é a troca de plasmídeos entre as bactérias provocando falha na terapêutica.
Quais os fármacos usados no tratamento das infecções por Enterococcus?
O tratamento depende da cepa de Enterococcus, do sítio de infecção e da resistência à antibióticos. Pode-se empregar:
- Infecções não complicadas: Ampicilina (penicilina) como monoterapia
- Infecções graves: aminoglicosídeos (estreptomicina ou gentamicina) associado a um inibidor da síntese de parede celular (ampicilina)
Em quadros de resistência à betalactâmicos, pode-se empregar:
- Vancomicina ou teicoplanina (glicopeptídeos) em terapia combinada.
Resistência aos glicopeptídeos já agrava bastante o problema da terapêutica, onde recore-se à:
- Teste de sensibilidade em laboratório aos antibióticos
- Linezolida (Oxazolidona)
Referências bibliográficas
Enterococcus. Disponível em: <https://emedicine.medscape.com/article/216993-treatment>. Acesso em: 09/11/2023.
Trabulsi, L.R. & Alterthum, F. Microbioologia. Ed. Atheneu. 6ª edição, 2016 (cap. 26).
Prof. Sanderson Araújo
Editor do blog
Farmacêutico pela Universidade Federal do Pará.
Mestrado em Neurociência pela Universidade Federal do Pará.
Trabalha em um Instituto de Pesquisa na amazônia há 10 anos.
Vídeoaulas no Youtube: Mente e Saúde – Fisiologia e Farmacologia
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