A bacteria Streptococcus agactiae, também chamado de Estreptococos do Grupo B é um coco gram-positivo anaeróbio facultativo que pode colonizar o trato genital e intestinal (reto-vaginal) das mulheres gestantes, podendo causar infecções graves em recém-nascidos. Esta cepa coloniza de maneira eficiente os epitélios vaginal, placentário, mucosa bucal e faringe além dos endotélios alveolares. Cada uma dessas interações é potencialmente importante para a transmissão vertical da bactéria e início da infecção neonatal.
Recém-nascidos são um grupos particularmente sensíveis à infecção devido à sua pouca maturação do sistema imunológico, com poucos macrófagos alveolares, sistema complemento incompleto e atividade quimiotática dos neutrófilos reduzida.
A aspiração do líquido amniótico/secreção vaginal pelo feto/recém-nascido leva a bactéria aos alvéolos pulmonares onde esta se prolifera, estimula a endocitose e ganha acesso à corrente sanguínea.
Quais os fatores de virulêsncia de Streptococcus agalactiae?
É pensado que o canal vaginal é o principal reservatório de cepas de S. agalactiae. Onde os fatores de virulência que favorecem a colonização são:
- Adesinas hipervirulentas
- Pigmentos hemolíticos
- Proteínas de ligação ao fibrinogênio
- Proteínas de superfície de ligação ao plasminogênio
- Pili
- Hialuronidase
- Capsula
- Peptidase do sistema complemento
- Vesículas de membrana
Quais as manifestações clínicas da infecção por Streptococcus agalactiae?
EM RECÉM-NASCIDOS
Síndrome de início precoce: Ocorre na primeira semana de vida. Pode ser adquirida através da aspiração do líquido amniótico contaminado ou pela passagem através do canal vaginal colonizado. Apresenta pneumonia, artrite séptica, sepse e meningite.
Síndrome de ocorrência tardia: Ocorre entre 7-90 dias após o nascimento. A mais comum é associada à bacteremia associada à meningite. As fontes de contaminação são a própria mãe e outras crianças doentes.
EM PARTURIENTES
Em parturiente, os estreptococos do grupo B estão associados à:
- Infecção urinária branda
- Quadros de sepse grave
- Tromboflebite séptica
- Meningite
- Osteomielite e endocardite também podem ocorrer
- Infecções intra-amnióticas
- Endometrite
- Infecções da ferida cirúrgica
Terapêutica, prevenção e controle de Streptococcus agalactiae
TERAPIA DE ESCOLHA
- Penicilina em doses 10X às utilizadas contra outros Streptococcus (S. pyogenes)
EM CASO DE TOLERÂNCIA
- Associar a penicilina à gentamicina (ou outro aminoglicosídeo)
PACIENTES ALÉRGICOS À BETALACTÂMICOS
- Recomenda-se a administração de eritromicina
PREVENÇÃO DA INFECÇÃO NO RECÉM-NASCIDO
- Ampicilina parenteral no momento do parto
- Parturientes alérgicas à betalactâmicos recomenda-se eritromicina ou clindamicina
- Na falha do uso de macrolídeos, recomenda-se vancomicina
Referências bibliográficas
Liu, Y.; Liu, J. Group B Streptococcus: Virulence Factors and Pathogenic Mechanism. Microorganisms 2022, 10, 2483.
Trabulsi, L.R. & Alterthum, F. Microbioologia. Ed. Atheneu. 6ª edição, 2016 (cap. 23).
Prof. Sanderson Araújo
Editor do blog
Farmacêutico pela Universidade Federal do Pará.
Mestrado em Neurociência pela Universidade Federal do Pará.
Trabalha em um Instituto de Pesquisa na amazônia há 10 anos.
Vídeoaulas no Youtube: Mente e Saúde – Fisiologia e Farmacologia
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